terça-feira, 11 de setembro de 2007

10.09

Hoje acordei um pouco "trocando letrinhas". A noite foi tanto maior que de costume dada a preocupação com o primeiro dia de workshop. Precisamos levar uma história para um livro de imagem. Tenho um projeto de livros imagem que tem muito tempo que quero fazer, mas não é um texto fácil, faz alguns anos que penso nele mas ainda não cheguei a um resultado que goste. Por isso passei boa parte da noite preocupada. Pal´o pediu para que levássemos um coisa simples. Só quando acordei é que consegui pensar em um roteiro mais simples para um livro de imagem.

Nas primeiras informações que Pal´o foi nos dando entendi que o conceito que ele tem sobre picture book é diferente do nosso. Para ele picture book é o livro que uma crianças pequena pode manusear sozinha, sem necessariamente saber ler, mas que também não é um livro apenas de imagem, como para nós, é um livro com imagens para crianças pequenas, podendo ter pouco ou um pouco mais de texto. Falei para ele que nós entendemos diferente, e ele falou que são livos utilitários, como os que ensinam as cores ou os tamanhos. Falei que não, que eram livros com uma narrativa visual.
Das orientações de Pal´o passamos logo para o storyboad. No início fiquei um pouco apreensiva, mas quando mostrei meu storyboard ele disse que gostou da minha história e que entendeu o que eu havia falado. No final sou a única que estou trabalhando sem o texto escrito. Ainda durante a manhã fizemos uma apresentação nossa informal mostrando nossos livros uns aos outros, sem a presença de Pal´o. Senti que estávamos todos curiosos sobre o trabalho do outro. À tarde trabalhamos um pouco mais, mas terminamos mais cedo pois fomos convidados a ir assistir uma ópera.
A peça foi O trovador, de Verdi. Foi muito emocionante, apesar de um pouco cansativa. O melhor do ficou para o Iraniano, Mohammad. Ele é maravilhoso!!!! É um senhor entre os 50 e 55 anos, talvez, quase não fala o inglês, está sempre rindo, é super cuidadoso com todo nós e é muito engraçado. Ele conseguiu, em apenas uma tarde, ter três episódios engraçados. Todos tendo banheiro como tema. O primeiro foi assim que saímos do atelier, ele foi ao banheiro e a moça que cuida do prédio não sabia ele estava dentro e o trancou dentro do banheiro. O segundo foi quando chegamos a Ópera. Ele foi novamente ao banheiro e entrou no banheiro das mulheres. Quando notou que entrou no banheiro errado saiu rápido e rindo bastante, mas quando entrou no banheiro dos homens, vinha sainda uma de dentro que também havia errado a porta. O terceiro foi que durante a ópera saiu para ir ao banheiro e quando voltou todas as portas estavam fechadas e ficou testando várias portas, e quando encontrou uma que abriu, foi dar no backstage, quase no palco. Precisou um cantor, com uma lanterna mostrar o caminho de volta para ele.

Depois da ópera fomos para um bar super gracinha, chamado Anjo, não sei como se escreve em eslovaco, mas que dentro tem uma grande coleção de anjos, de tudo que é forma, tamanho e cores. É muito bacana Foram os próprios fregueses que foram dando os anjos para o bar com ao longo dos anos.

11.09

Iniciamos às 9h, assim como ontem, mas hoje trabalhamos até as nove da noite. Foi um dia puxado, mas muito produtivo para todos. Pela manhã trabalhamos um pouco, mas logo paramos para fazer uma apresentação mais formal, mostramos os livros e falar sobre o storyboard. Todos se apresentaram, falaram um pouco sobre seu país, sobre a relação de cada um com a ilustração e qual a situação em cada país. Mostramos nossos livros e storyboads e Pal´o comentou o dia cada um. Foi um momento muito gostoso. Nosso grupo é muito integrado. Todos são muito bem-humorados, alegres e gentis. Sinto um clima de solidariedade grande entre todos. A integração foi rápida e às vezes tenho a sensação de que já nos conhecemos há muito tempo. Também o professor está tendo uma integração grande com todos nós. Na realidade, todos são muito atenciosos conosco: Pal´o, nosso professor, Barbara, a coodenadora do workshop, Vlado, o tradutor, e o motorista que vem nos buscar todas as manhãs. É gostoso ver a característica de cada participante. Filipa, a portuguesa, é simpática, doce, é a mais inexperiente na ilustração e a mais nova da turma, mas é bastante madura, estuda cinema na Espanha e muito gentil.

Daniel, argentino, é o mais calado, mais concentrado, mas é muito solidário. Ele tem me ajudado muito a resolver as coisas do dia-a-dia. Tem uma visão mais politizada e tem um olhar crítico sobre tudo o que acontece a sua volta. Manuela, croata, tem um senso de humor fantástico. É super tranquila, tem umas tiradas ótimas e é muito decidida. Seus livros são muito bonitos. Os iranianos são maravilhosos! Ali também tem um humor ótimo. Um pouco sarcástico às vezes, mas também muito engraçado e brincalhão. E Mohammad é incrível. Extremamente doce, cuidadoso com todos, e muito, muito engraçado. Seu nível no inglês é "the book is on the table".

Hoje voltamos todos ensinando inglês a ele, para ver se solta mais a fala, pois é o mais calado de todos por dificuldade com a língua. O que acho mais bacana nele é a capacidade que tem de rir dele mesmo, isso é maravilhoso! É lindo vê-lo trabalhar. Ele e Ali desenham com liberdade e leveza, ao mesmo tempo que mantêm a tradição e a identidade. A ilustração no Iran é realmente muito forte.

É isso, beijos a todos. E estou muito feliz com os comentários. Postem mais!!!
Rosinha

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